30.8.08

para lá da esperança



cubro o rosto de espera

é muito o Tempo

anunciam-me séculos sem te ver


segrego ausência

a tua

cubro-me de Esperança que nenhum deus me dá



baloiço-me

na cama

assim te amo

num quase infantil - para lá para cá...

(muito mais vezes para lá)



foto de Richard Murrian

27.8.08

do sonho à realidade



saído de um ventre de mulher há um ser que nasce

continuação de corpo

extensão de nervos para fora da pele

como ramos que brotam


tudo no mundo o espera


a mãe tem sonhos

e ele cresce e parte

qual Cristo. sem olhar para trás.


agora a árvore é ele.

dará sombra? aquecerá lareiras?

ou arderá. inútil. na mata incendiada?


tudo isso são destinos que ele próprio fará.

deus. à mãe. não diz nada.



foto de Maxim Kalmykov

24.8.08

deus a ti. fala?



dissolvo-me nas ramadas da vida


escuto


haverá novos sons?

sons como sinos

pedras em ricochete sobre lagos

gritos de alegria ecoando ventos?


dissolvo. mais ainda





a tentar confundir-me num elemento novo


endureci - a vida - nada mais.

não se dissolve pedra em virgem água


mas quem sabe deus fala ao teu ouvido

que te esperam

e tu mergulhas para me encontrar?


haverá novos sons?



foto de Al Calkins